Hoje é 13.... 13 de dezembro. Dia da minha tradicional saudação quase natalina.... Cumprindo a tradição da data em anos anteriores, hoje é dia de falar das involuções das relações humanas e daquilo em que ainda me esforço por acreditar...
Da última manifestação quase natalina pra cá, gente chegou, gente saiu e mais do que isso... gente se esforçou pra me provar que nada disso faz sentido. No entanto, anos atrás, uma mulher com quem me relacionei, ao questionar se era mesmo uma escolha razoável quando haviam tantas outras melhores no meu caminho, ouviu de mim a seguinte resposta:
És a senhora do MEU castelo.... e se no MEU universo sou soberana, MINHA companheira só pode ser a MELHOR entre todas afinal, sendo eu o centro do meu mundo (não é egocentrismo.... todos nós temos um mundo particular...) e senhora das verdades que o fazem girar, só podes ser a melhor das escolhas...
E assim é.
Não, não sofro de narcisismo crônico. Apenas sou consciente de que não existe um único mundo que nos acolhe. Cada ser humano é um universo particular e cabe a si a determinação daquilo que pode ou não ser coerente e produtivo em seu mundo particular.
Então, meus caros, mais um natal sem hohoho... sem falsas verdades e sem projeções ilusórias. Só a certeza de que quem entrou talvez queira ficar.... que quem se foi, provavelmente devesse partir... mas que, independente de quem entra ou sai de nossas vidas, com certeza o universo não perde seu eixo nem deixa seu bailado cósmico quando alguém resolve projetar em você suas próprias frustrações e culpá-lo daquilo que não consegue ser ou fazer... as flores continuam florescendo em sua fração de universo, assim como a chuva continua caindo na fração de universo do vizinho.... mas, se o vizinho enxerga a chuva como benção ou como castigo.... bem... aí já é assunto para outro quase natal...
domingo, 13 de dezembro de 2015
quinta-feira, 23 de julho de 2015
Da validação e da genialidade
Depois de muito tempo,
finalmente retomo a linha das resenhas. E tem uma motivação
especial. Depois de muito garimpo e da ajuda de algumas criaturas
especiais, consegui finalmente resgatar um filme que assisti há mais
de vinte anos mas que deixou indelével marca no meu entendimento
acerca das relações humanas e da necessidade de validação do ser
humano dentro de suas relações, sejam amorosas ou familiares.
Trata-se do obscuro (que
a meu ver deveria ser um clássico) “Camille Claudel”, obra que
retrata a verdadeira saga desta mulher vibrante e absurdamente
talentosa que jamais pode ser mais do que uma sombra acerca do
gigante ego de Auguste Rodin.
Nascida e criada na
região de Champanhe, na minúscula e discretíssima
Villeneuve-sur-Fère, Camille, desde sempre foi um ser deslocado e
totalmente atípico se comparada às demais meninas nascidas no seu
tempo. Dada a uma existência que desde o seu início contradizia o
que dizia a cultura vigente no que toca ao que se deve esperar de uma
menina, Camille, incentivada por seu eterno validador e guardião,
Louis Prosper, assumiu uma conduta que àquela época poderia ser
vista quase como herética. Uma menina criada aos moldes masculinos,
com liberdades e rotinas absolutamente contrárias ao que se poderia
esperar da criação de uma jovem moça, dado o fato que, em seu
contexto histórico, deveria ser preparada unicamente para servir o
melhor possível ao melhor marido que pudesse arranjar.
Dentro deste quadro de
extrema validação por parte do pai, de contrariedade não
disfarçada pela mãe, de uma clara influência no desenvolvimento
artístico e pessoal de seus irmãos ( o poeta Paul Claudel e a
musicista Louise), Camille teve o fomento para permitir florescer o
talento criativo que a levou ao ápice da pujança e à derrocada de
sua psiche por um processo invalidante posterior que relaciona-se não
apenas ao seu trabalho mas à sua vida amorosa.
Ocorre que depois de um
período como pupila de Alfred Boucher, Camille é apresentada a
Auguste Rodin, um gênio em ascenção cuja sensibilidade artística
assemelha-se tão enormemente à da própria Camille, que não apenas
os aproxima fazendo-os amantes como gera uma controversa situação
que põe em cheque a autenticidade de sua obra que é o embasamento
validatório de toda a sua existência.
Desde a mais tenra
infância tendo sua psiche alimentada pela validação do pai e,
posteriormente do companheiro, Camille segue com galhardia
enfrentando seus embates e aprimorando seu talento, com afinco e
vigor. No entanto, rompido o romance com Rodin e, por consequência,
perdida a principal fonte de validação, Camille decai e, aos
poucos, vai encontrando o caminho do desequilíbrio e a degradação
de sua psiché.
Mas avaliando o andar da
história desta mulher brilhante, me vem a pergunta: Seria a
validação uma espécie de drogadição?
Acaso a história de
Camille teria outro desfecho se sua história se desenrolasse em
outra época?
Respostas exatas nunca
teremos mas, vale a observância de outras situações em que a
suspensão do processo validatório serve de gatilho para quadros
mais complexos dentro de uma perspectiva psicopatológica. Não, não
é necessariamente a loucura o caminho de quem perde a fonte de
validação. Mas, havendo a conjunção correta de fatores adversos,
quase tudo nesta vida pode servir como ponto de partida para a
instauração de um processo de patologia psíquica mais ou menos
grave, de acordo com a constituição do EU próprio de cada
indivíduo.
O fato é que, no caso de
Camille, muitos fatores estão sobrepostos... Vejamos:
- A perda do filho,
- A identidade artística relegada à obscuridade, fazendo dela não mais que sombra do homem que “deveria” ama-la.
- A rejeição de Rodin.
- A suspeita inaudível mas que não se calava jamais acerca da real autoria de suas obras.
- O distanciamento do irmão, Paul, quando este ingressou na vida diplomática.
- O repúdio de sua mãe e irmã.
- O falecimento de seu pai, não sem antes ter-lhe deixado claro que, apesar do amor que sentia pela filha, a decepção estava lá. Clara, instaurada e quase tangível.
- A insegurança da própria Camille, que a levou a uma desnecessária obsessão por provar um talento que era mais do que óbvio.
- O medo... ah o medo que esta mulher sentia dia e noite, que lhe fez companhia tão presente quanto as garrafas e os gatos, únicos parceiros dos últimos dias de sua jornada de constante vigília para que não lhe fossem usurpadas suas obras, últimos resquícios de expressão de seus tormentos em tempos de conduta totalmente antisocial e claustro auto infligido.
Enfim, no caso de
Camille, existiram varias determinantes a alquebrar seu espírito e
arremessá-la em caminho só de ida ao claustro em um manicômio
perdido em Villeneuve-lès-Avignon, onde veio a falecer após 30 anos
de tormento pessoal e clausura.
Assistindo ao filme que
deu início a esta linha de raciocínio, fica claro, alias, claro e
límpido, que a relação entre Camille e Rodin era de usurpação e
submição. Ele a usurpar o talento e a juventude de Camille, ela a
entregar-se sem reservas, primeiramente ao amor desmedido por Rodin,
depois ao obssessivo devaneio de uma perseguição que só existia
dentro dela mesma.
Óbvio que, como todo
clássico, o cenário em que a história se passa é fundamental
elemento para que se configure tal desfecho. No entanto, assim como
nas resenhas anteriores, sugiro (sonhando ser capaz de instigá-los!!)
a reflexão. Quantos destes elementos somos capazes de identificar ao
nosso redor ainda hoje? Fato é que exemplos de vidas em que o ser é
supervalorizado, legitimado em seu espaço, validado e tudo o mais
que poderia ser, e, de uma hora pra outra o contexto muda, acontecem
todos os dias. O que muda, de fato, advém da diferente reação de
cada um às adversidades e à convergência de eventos mais ou menos
marcantes.
A verdade é que, sim...
De médico e louco todo mundo traz um pouco... o princípio eventual
da natureza patológica está presente na psiché de todo ser humano.
O que nos resta perguntar (e eventualmente guardar) é: Quanto da
patologia instaurada é fundamentada em eventos externos e quanto da
patologia advém da forma como programamos nossos pensamentos e
respostas aos mesmos eventos? Quanto da patologia instaurada é
inerente à vivência pessoal de cada um e quanto é resposta ao meio
em que estamos inseridos?
Por fim, resta-nos o
lamento pela vida de Camille desperdiçada no claustro e a pergunta
que acaba por me assombrar... Mesmo com trinta anos de claustro
manicomial, quanto de vida Camille desfrutou a mais do que nós,
pretensamente libertos, a desperdiçarmos nossas chances nos
escondendo atras de justificativas que nada mais são que desculpas
esfarrafadas forjadas no medo e na falta de crença em nossos
próprios talentos e potenciais?
Como de hábito, segue o
link do filme...
http://cinemacultdownloads.blogspot.com.br/2013/03/camille-claudel-camille-claudel-1988.html
terça-feira, 21 de julho de 2015
Da drogadição emocional
Há muito tempo não
escrevo aqui. Os motivos são vários. Mudanças de trabalho, de
casa, de família, de tudo, me levaram a um tempo que não foi
exatamente ocioso, mas de reflexão e autoanálise e, por hoje, minha
passagem aqui é para dizer das coisas que mudaram e do que ainda
precisa mudar. Então... Vamos lá!
O tempo inexoravelmente
escoa, como foi no princípio e será até o fim.
E com a passagem do
tempo, mais perceptíveis se fazem os danos deixados no rastro febril
de uma relação tóxica. Sim. Sou uma sobrevivente. Veterana de uma
guerra pessoal, silenciosa e oculta.
O que resta após o
término é uma mistura estranha de orgulho, coragem, derrota e medo.
Difícil compreender? Eu
explico.
Uma relação tóxica
mina espaços antes férteis e deixa rastros de desertificação onde
a realidade se mescla ao medo e deixa tudo turvo. O cone de silêncio
deste furação é habitado unicamente pelo guerreiro solitário que
retorna da guerra contra si mesmo e contra o domínio inimigo. Mas,
se ao seu redor tudo jaz em silêncio, dentro dele coabitam
sentimentos conflitantes que, por mero respeito à matemática, se
anulam e mantém o guerreiro em suspensa animação. É importante
ressaltar que, se o orgulho de finalmente ter saído dos portais do
inferno está lá, também o sentimento de derrota por ter-se deixado
abater mantém-se firme no propósito de anulá-lo. Se a coragem para
seguir em frente se apresenta de armas em punho e um farnel repleto
de sementes de tempos melhores está em sua bagagem, também o medo
deixado pela sensação de deja vú que me assombra a cada sorriso de
anuência, a cada gesto de carinho... a cada fala validante... a cada
projeto sonhado em conjunto...
Se ontem o inimigo era
uma presença tóxica externa, hoje o inimigo é algo que reside em
mim mesma. O cone do silêncio nada mais é do que a fortificação
das minhas defesas que se organizaram de forma a construir a meu
redor um verdadeiro campo de força quase intransponível, que
transforma cada feito, cada dito, cada olhar em uma arma pronta a
disparar contra um alvo certo prestes a ruir... se você acha que
este alvo é meu coração... lamento (mais por mim do que por você)
mas está enganado. O alvo em questão é minha sanidade mental,
posto que, atingida em cheio por uma relação tóxica assim
duradoura e prolífica, passou a duvidar do tudo, do todo, do ar e do
mar, de cada simples olhar, de cada gesto de pretenso amor... Que já
aprendeu a não confiar mais em coisas que antes eram tão arraigadas
a minha natureza e tão fortalecidas em minha autoimagem. Os anos
ouvindo das desditas de ser quem sou (o que conscientemente sei ser
simples forma de manipulação) me fez aprender a duvidar de minha
própria capacidade, de coisas simples que sempre dominei sem
dificuldade, refletindo-se hoje em minha vida profissional e pessoal
de maneira aparentemente irremediável. Digo aparentemente por saber
que minha natureza guerreira não se dispõe a depor armas sem luta
contra essa sombra que me acompanha a cada momento, e que sei, será
minha eterna oponente neste duelo que há de se encerrar no dia em
que cerrar meus olhos.
Para aqueles que estão
dentro de uma relação tóxica um alento: É possível sobreviver a
tudo isso!
Para aqueles que estão
em um relacionamento ou buscam por isso, um alerta: estejam sempre
alertas. Jamais deixem de discutir ou expressar o que os fere. Jamais
se permitam ser manipulados a ponto de não terem muita certeza do
que é você e do que é o que se faz o desejo de outro projetado em
quem você é. Por que, quanto mais inseguro, manipulador ou perverso
for seu parceiro, menor ele desejará que você seja.
Existe vida após a
morte? Bem... isso eu não sei. Mas, para quem viveu as dores de uma
relação tóxica, o restante do tempo é vivido como se vivencia o
fim de qualquer outra dependência tóxica. Em eterna vigília...
Então:
SÓ POR HOJE, não vou me
permitir ao sofrimento.
SÓ POR HOJE, não vou
permitir que ninguém me reduza a algo menor que eu mesma.
SÓ POR HOJE, não vou
permitir que o mal que me foi feito afaste de mim o amor que mereço
receber.
SÓ POR HOJE... Serei tão
feliz quanto puder ser.
Eu olho pro infinito e você, de óculos escuros
Eu digo: "Te amo" e você só acredita quando eu juro Eu lanço minha alma no espaço, você pisa os pés na terra.
Eu experimento o futuro e você só lamenta não ser o que era
E o que era ? Era a seta no alvo
Mas o alvo, na certa não te espera
Eu grito por liberdade, você deixa a porta se fechar
Eu quero saber a verdade, e você se preocupa em não se machucar
Eu corro todos os riscos, você diz que não tem mais vontade
Eu me ofereço inteiro, e você se satisfaz com metade
É a meta de uma seta no alvo
Mas o alvo, na certa não te espera
Então me diz qual é a graça
De já saber o fim da estrada
Quando se parte rumo ao nada ?
quarta-feira, 15 de julho de 2015
Dos risíveis amores...
Os humanos tem essa mania sofrível de sofrer por amores risíveis... Por que sofrer? Por que chorar? Se de todas as dores o amor é apenas mais uma a nos amolar?
Difícil compreender que amores sejam feridas dolorosas que sangram por vidas inteiras... Se ao fim ao cabo nada mais simples do que simplesmente calar e ignorar a dor e simplesmente levar como uma unha encravada, ou um siso que rompe... Doer? Dói... Lógico que dói... Mas como todas as dores ela acaba acostumando e depois de certo tempo, quando deixamos de lutar, brigar, espernear e insistir em sofrer, a dor (que continua ali) passa a ser algo que remotamente registramos... Fica sendo aquela unha eternamente encravada que sempre vai perturbar quando usarmos um sapato novo – ou tentarmos amar outro alguém. Ou quem sabe aquele siso que não completa a eclosão e, quando menos esperamos, nos faz morder a gengiva nos proporcionando uma dor lancinante que nos vara o crânio como espada cruzando nossos cérebros e nos paralisando por alguns segundos... Mais ou menos como acontece quando a gente descobre que a mulher que nos deixou finalmente resolveu seguir a sua vida e, do nada surge sorrindo a nossa frente no corredor de um supermercado da vida com o olhar faiscando de gozo antecipado enquanto escolhe o vinho com o qual vai se deleitar usando a pele de sua nova amada como complemento...
A dor de se estar diante desta cena no corredor de um mercado qualquer pode sim ser lancinante, pode nos cruzar o crânio como uma espada incandescente, despertando os sentimentos mais excruciantes de que se tem notícias... mas a verdade, meus caros, é que a dor só dói enquanto focamos nela e, nos cabe desejar ardentemente e pedir aos céus e à terra que, no momento em que tenha que haver o encontro lancinante no corredor de vinhos, sejamos capazes de sorrir, aceitar a sugestão do vinho que irá acompanhar a solidão que nos serve de frígida esposa e, nela, afogar a dor para sermos capazes de, no dia seguinte, tornarmos a esquecer o desconforto do sapato novo ou o ímpeto de nunca mais fazer compras na vida por medo de uma nova espada de flamejante realidade...
Um dia desses alguém me disse que era mais fácil sumir da vida de alguém que enfrentar as consequências dos erros que se comete... eu, particularmente me debati, chorei, esperneei, sofri, lutei... sem sucesso... então, finalmente calei. Calei e me calo. E no silêncio me preparo para garantir que não precise experimentar sapatos novos por muito tempo e que, se precisar fazer compras, que seja capaz de sorrir o sorriso mais falso que uma homeopática dose de irônico senso de humor negro para com minha própria realidade seja capaz de produzir e que se possa juntamente prover uma suave amnésia que me permita esquecer onde guardei aquele formicida comprado no mês anterior para defender meus lírios...
Que venham as unhas encravadas e os sisos não rompidos trocando as dores lancinantes constantes, as finas e corrosivas perspectivas do desespero do SE ela vai ou não ligar pela remota possibilidade de eu ser mesmo muito azarada a ponto de cruzar no mercado com alguém que odeia fazer compras...
Difícil compreender que amores sejam feridas dolorosas que sangram por vidas inteiras... Se ao fim ao cabo nada mais simples do que simplesmente calar e ignorar a dor e simplesmente levar como uma unha encravada, ou um siso que rompe... Doer? Dói... Lógico que dói... Mas como todas as dores ela acaba acostumando e depois de certo tempo, quando deixamos de lutar, brigar, espernear e insistir em sofrer, a dor (que continua ali) passa a ser algo que remotamente registramos... Fica sendo aquela unha eternamente encravada que sempre vai perturbar quando usarmos um sapato novo – ou tentarmos amar outro alguém. Ou quem sabe aquele siso que não completa a eclosão e, quando menos esperamos, nos faz morder a gengiva nos proporcionando uma dor lancinante que nos vara o crânio como espada cruzando nossos cérebros e nos paralisando por alguns segundos... Mais ou menos como acontece quando a gente descobre que a mulher que nos deixou finalmente resolveu seguir a sua vida e, do nada surge sorrindo a nossa frente no corredor de um supermercado da vida com o olhar faiscando de gozo antecipado enquanto escolhe o vinho com o qual vai se deleitar usando a pele de sua nova amada como complemento...
A dor de se estar diante desta cena no corredor de um mercado qualquer pode sim ser lancinante, pode nos cruzar o crânio como uma espada incandescente, despertando os sentimentos mais excruciantes de que se tem notícias... mas a verdade, meus caros, é que a dor só dói enquanto focamos nela e, nos cabe desejar ardentemente e pedir aos céus e à terra que, no momento em que tenha que haver o encontro lancinante no corredor de vinhos, sejamos capazes de sorrir, aceitar a sugestão do vinho que irá acompanhar a solidão que nos serve de frígida esposa e, nela, afogar a dor para sermos capazes de, no dia seguinte, tornarmos a esquecer o desconforto do sapato novo ou o ímpeto de nunca mais fazer compras na vida por medo de uma nova espada de flamejante realidade...
Um dia desses alguém me disse que era mais fácil sumir da vida de alguém que enfrentar as consequências dos erros que se comete... eu, particularmente me debati, chorei, esperneei, sofri, lutei... sem sucesso... então, finalmente calei. Calei e me calo. E no silêncio me preparo para garantir que não precise experimentar sapatos novos por muito tempo e que, se precisar fazer compras, que seja capaz de sorrir o sorriso mais falso que uma homeopática dose de irônico senso de humor negro para com minha própria realidade seja capaz de produzir e que se possa juntamente prover uma suave amnésia que me permita esquecer onde guardei aquele formicida comprado no mês anterior para defender meus lírios...
Que venham as unhas encravadas e os sisos não rompidos trocando as dores lancinantes constantes, as finas e corrosivas perspectivas do desespero do SE ela vai ou não ligar pela remota possibilidade de eu ser mesmo muito azarada a ponto de cruzar no mercado com alguém que odeia fazer compras...
segunda-feira, 20 de abril de 2015
Um tipo diferente de amor...
Sei que poderia dizer milhares de coisas sobre o assunto, desenvolver o tema de umas 5000 formas diferentes. Mas tenho certeza de que o vídeo que segue fala por si só....
E vale a reflexão....
O amor sob a ótica do TOC
E vale a reflexão....
O amor sob a ótica do TOC
domingo, 8 de março de 2015
Dia da mulher é dia de agregar visões do universo feminino
Dia de todo mundo levantar bandeirinha e tecer mil elogios à essência feminina... elogios esses que serão inevitavelmente esquecidos quando chegar a meia noite, mas isso é normal... Afinal, no mais das vezes, nossas qualidades e aptidões tem mesmo um pique de Cinderela, desaparecem no fim da noite e nos obrigam a retomar a peleia do início para que reencontremos nosso lugar normal na normalidade das coisas...
Normalmente (não desaprendi a escrever e me tornei um ser redundante... calma! O uso excessivo do termo NORMAL e suas variações tem um motivo...) eu teria escrito uma poesia emblemática, normalmente teria inserido a poesia em uma imagem, que normalmente seria lírica, e homenagearia as mulheres em um derramamento de essência que seria normalmente ignorado e esquecido como mais um dos esforços normais pra manter o lugar normal em um mundo pretensamente normal...
Mas, como eu já disse que sou A-Normal, vou usar o momento que é propício para fazer uma elegia à anormalidade feminina, inserindo uma das minhas anormais favoritas no cast da casa, fazendo de Lara Costa a primeira colaboradora regular do A-Normal, que hoje toma o formato de um veículo mais perto do normal pra trazer à pauta a discussão dos assuntos da anormalidade.
Jovem (e linda, eu confesso!) moradora do DF, Lara é uma das minhas mais queridas demonstrações da anormalidade que nos faz únicos e especiais... Camaleônica e sensível, doce e intensa, menina madura ou mulher pueril... escolha a face dessa moça que mais lhe agrada, eu , particularmente, adoto todas elas como minha parceira de projeto e de estrada nas sendas da anormalidade...
E pra não dizerem por aí que escolhi exaltar uma mulher apenas, segue o documentário sobre a localidade de Noivas do Cordeiro em MG. Um exemplo do que a determinação feminina é capaz de construir e agregar à vida.
https://www.youtube.com/watch?v=cVmj1hORxso
Normalmente (não desaprendi a escrever e me tornei um ser redundante... calma! O uso excessivo do termo NORMAL e suas variações tem um motivo...) eu teria escrito uma poesia emblemática, normalmente teria inserido a poesia em uma imagem, que normalmente seria lírica, e homenagearia as mulheres em um derramamento de essência que seria normalmente ignorado e esquecido como mais um dos esforços normais pra manter o lugar normal em um mundo pretensamente normal...
Mas, como eu já disse que sou A-Normal, vou usar o momento que é propício para fazer uma elegia à anormalidade feminina, inserindo uma das minhas anormais favoritas no cast da casa, fazendo de Lara Costa a primeira colaboradora regular do A-Normal, que hoje toma o formato de um veículo mais perto do normal pra trazer à pauta a discussão dos assuntos da anormalidade.
Jovem (e linda, eu confesso!) moradora do DF, Lara é uma das minhas mais queridas demonstrações da anormalidade que nos faz únicos e especiais... Camaleônica e sensível, doce e intensa, menina madura ou mulher pueril... escolha a face dessa moça que mais lhe agrada, eu , particularmente, adoto todas elas como minha parceira de projeto e de estrada nas sendas da anormalidade...
E pra não dizerem por aí que escolhi exaltar uma mulher apenas, segue o documentário sobre a localidade de Noivas do Cordeiro em MG. Um exemplo do que a determinação feminina é capaz de construir e agregar à vida.
https://www.youtube.com/watch?v=cVmj1hORxso
sábado, 7 de março de 2015
Cenário político brasileiro: Falha da matrix ou Alzheimer coletivo?
Faz um bom tempo que não existo aqui...
Mas, se quase não falo, estejam certos de que muito observo...
Muito se fala sobre as possíveis soluções para o Brasil...
Vejo gente que acha que a solução é o Aécio (corrupto, marginal e drogadito), outros acham que a solução é voltar ao que vivíamos antes da abertura e da democracia...
Eu, particularmente, acho que o problema é uma epidemia...
Na verdade duas.... uma decorrente da outra...
A primeira é uma epidemia de boataria que arrasta uma onda de lixo pelas redes sociais, mobilizando massas e mais massas de crédulos e permissivos cidadãos que, impulsionados pelo medo, vêem monstros em todas as partes... É a homossexualidade confundida com pedofilia e depravação, é a assistência sendo confundida com demagógica corruptela do voto de cabresto... É o racismo que veladamente se esgueira pelos cantos, tomando espaços e mais espaços travestido de "respeito com essa gente de cor'... É a política aplicada nas ruas que não é pró nada, mas se ocupa cegamente de ser contra o que democraticamente o país escolheu... É a distorção da informação para direcionar o movimento das massas... É essa pantomima em que o povo se permite conduzir em um movimento antidemocrático, canalha, que não pode ser traduzido como mais nada que não como um GOLPE!
Sim, meus caros.... um GOLPE de SUPRESSÃO da soberania da escolha do voto popular! Um GOLPE contra a liberdade conquistada com muito sangue derramado... Um GOLPE contra a nossa tranquilidade e capacidade de desenvolvimento...
Não sei o que vocês lembram dos anos de chumbo. Mas eu, como criança que era, lembro de ver meu pai chegar em casa correndo depois de madrugar na porta do banco para retirar o que pudesse pra que minha mãe fosse correndo garantir o máximo possível de comida para a família pq, naqueles tempos, o mesmo produto chegava a ser remarcado duas vezes em um único dia... Pq no fim do dia, aquele montante valeria muitíssimo menos, e garantir a sobrevivência da família era uma corrida contra o tempo... Eram tempos em que se vc nascia pobre, com certeza, morreria pobre... Onde filha de empregada seria, sem escapatória, empregada também... Onde o taxista, o padeiro, o açougueiro, o comerciário, o povo de uma forma geral, podia ter certeza de que nunca veria sua vida mudar e tinha de se conformar com o aluguel e o ônibus, pq carro e casa própria eram artigo de luxo destinado às elites...
A única coisa que me deixa dúvida, neste caso é, se o que eu lembro do Brasil de antes é tão diferente do que esse povo que não enxerga os avanços lembra, quem está com Alzheimer??? Eles ou eu???
Mas, se quase não falo, estejam certos de que muito observo...
Muito se fala sobre as possíveis soluções para o Brasil...
Vejo gente que acha que a solução é o Aécio (corrupto, marginal e drogadito), outros acham que a solução é voltar ao que vivíamos antes da abertura e da democracia...
Eu, particularmente, acho que o problema é uma epidemia...
Na verdade duas.... uma decorrente da outra...
A primeira é uma epidemia de boataria que arrasta uma onda de lixo pelas redes sociais, mobilizando massas e mais massas de crédulos e permissivos cidadãos que, impulsionados pelo medo, vêem monstros em todas as partes... É a homossexualidade confundida com pedofilia e depravação, é a assistência sendo confundida com demagógica corruptela do voto de cabresto... É o racismo que veladamente se esgueira pelos cantos, tomando espaços e mais espaços travestido de "respeito com essa gente de cor'... É a política aplicada nas ruas que não é pró nada, mas se ocupa cegamente de ser contra o que democraticamente o país escolheu... É a distorção da informação para direcionar o movimento das massas... É essa pantomima em que o povo se permite conduzir em um movimento antidemocrático, canalha, que não pode ser traduzido como mais nada que não como um GOLPE!
Sim, meus caros.... um GOLPE de SUPRESSÃO da soberania da escolha do voto popular! Um GOLPE contra a liberdade conquistada com muito sangue derramado... Um GOLPE contra a nossa tranquilidade e capacidade de desenvolvimento...
Não sei o que vocês lembram dos anos de chumbo. Mas eu, como criança que era, lembro de ver meu pai chegar em casa correndo depois de madrugar na porta do banco para retirar o que pudesse pra que minha mãe fosse correndo garantir o máximo possível de comida para a família pq, naqueles tempos, o mesmo produto chegava a ser remarcado duas vezes em um único dia... Pq no fim do dia, aquele montante valeria muitíssimo menos, e garantir a sobrevivência da família era uma corrida contra o tempo... Eram tempos em que se vc nascia pobre, com certeza, morreria pobre... Onde filha de empregada seria, sem escapatória, empregada também... Onde o taxista, o padeiro, o açougueiro, o comerciário, o povo de uma forma geral, podia ter certeza de que nunca veria sua vida mudar e tinha de se conformar com o aluguel e o ônibus, pq carro e casa própria eram artigo de luxo destinado às elites...
A única coisa que me deixa dúvida, neste caso é, se o que eu lembro do Brasil de antes é tão diferente do que esse povo que não enxerga os avanços lembra, quem está com Alzheimer??? Eles ou eu???
terça-feira, 3 de fevereiro de 2015
Do conceito prévio e do pré-conceito
Para falar do PRECONCEITO,
poderíamos partir da etimologia da palavra definida segundo o site http://www.etimologista.com/ a seguir:
“A palavra preconceito é formada
pelo prefixo latino “pré” (anterioridade, antecedência) mais o
substantivo “conceito” (opinião, reputação, julgamento, avaliação).
O preconceito é, portanto, o conceito formado antes de se ter os conhecimentos
necessários; é a opinião formada antecipadamente, sem maior ponderação.”
Mas a compreensão do preconceito exige um
entendimento que vai além, muito além da etimologia...
O ser humano tem arraigado em si mesmo e em sua
natureza um dos mecanismos mais profundos de autopreservação conhecidos: o
MEDO!
O medo do desconhecido e de tudo aquilo que não
se mostra passível de controle simplesmente apavora o ser humano.
O medo quando entra na composição prioritária da
constituição da forma de um ser humano vislumbrar a própria existência e do
mundo em que se insere, pode gerar uma forma de ação e reação e, não menos
importante, de construção de seu próprio psiquismo e de sua concepção do alheio
aos seus costumes.
Não menos importante do que a construção do
psiquismo e da identidade o indivíduo diante do mundo em que se insere, vem a
construção da realidade sociológica do espaço em que se insere.
Desde os primórdios da humanidade, o poder se
manteve circulante entre os entes de mesmo meio através da manutenção dos
conceitos de superioridade desta ou daquela característica, seja ela genética
ou de identificação sociológica. Desta forma, espartanos versus atenienses,
gregos versus romanos, arianos versus negros, homens versus mulheres, heteros
versus gays e tantas outras formas de comparativos de divergências
sociológicas, étnicas, de gênero, de identidade sexual, religiosa ou, seja lá o
que for, serviram de argumento e ferramenta para as maiores barbáries da
história da humanidade.
O fato é: existe um imenso paradoxo envolvendo
tudo isso. Ao mesmo passo que o ser humano é um ser social e DEPENDE emocionalmente
e sociologicamente de sua identidade de grupo, ele também tem a necessidade
feérica de manutenção de sua própria condição dentro de um padrão de
aceitabilidade e normalidade. Assim, da mesma forma que o ser humano NECESSITA
se ver inserido no todo em sua completude, também NECESSITA da manutenção do
grupo no qual se insere e com o qual se identifica dentro dos padrões do
aceitável como padrão de normalidade. Ocorre que, a maior parte das construções
sociais foram fundamentadas na lei do mais forte, ou seja, civilizações
inteiras foram construídas em cima de uma ideia de supremacia, intolerância e
direito escravizador sobre entes DIFERENTES.
Assim, se uma civilização inteira fundamentou seu
desenvolvimento na ideia da superioridade de um ente sociológico sobre outrem,
é fato que cria-se uma REALIDADE de construção sócio-cultural-filosófica em que
esses elementos de suposta supremacia se tornam mais do que fundamento de
estrutura social, estrutura do psiquismo pessoal e coletivo criando tabus e “verdades”
transmitidas ao longo das gerações (seja por compartilhamento de tradição oral
ou por exemplificação, ou mesmo por transferência cultural e educacional
instituída) perpetuando-se ao longo dos séculos.
Existem civilizações inteiras para contar essa história
mas, vamos abordar a realidade sociológica do universo em que estamos
inseridos.
O Brasil, país e dimensões continentais e de
diversidades compatíveis com suas dimensões deveria ser, de acordo com a lógica
da totalidade que se constrói nesta infinidade de influências é um exemplo
clássico do quanto a construção a manutenção do poder pode gerar a raiz do
preconceito desenvolvê-la mesmo que veladamente.
Em seu descobrimento, o Brasil passou por um
processo de colonização pelas mãos portuguesas. Mas quem eram os portugueses?
Um país pequeno, acuado e cheio de pretensos inimigos, precisando
desesperadamente manter sua supremacia e expandir seus domínios. Assim sendo,
que forma melhor do que a força? A força sobre o mais fraco e o domínio do
diferente. Na participação portuguesa na constituição histórico-cultural e
sociológica do Brasil, vemos uma herança de soprepujança do português sobre as
nações africanas e indígenas, e a construção de uma nação inteira regada no
sangue e no uso abusivo da força.
Neste processo, a segregação do diferente se fez
tão presente que se arraigou em nossa sociedade como parte constitutiva e
matriz de nosso subconsciente coletivo de duas formas absurdamente expressivas:
Fundamentou no branco a ideia da supremacia e do
direito à um posto de superioridade absoluta sobre o negro e o índio a despeito
de sua condição igualmente humana, assim como fundamentou no negro e no índio a
posição de ente em eterno estado de ameaça por sua condição diante do todo
opressor.
Inexorável paradoxo entre a pujança do opressor
por simples MEDO do oprimido, e de MEDO do oprimido que perpetua a diferença em
vez de contemplar a similaridade.
Sim... nada serve como alimento do preconceito
que permeia a sociedade mais do que o MEDO. Mas o medo que alimenta essa
situação construtora de guetos invisíveis não vem apenas do opressor inicial.
Passa a se fazer constante e fertilizador de discriminação massiva quando o
oprimido em vez e utilizar-se de um posicionamento massificante do homem pela
sua condição de parte da humanidade como um todo, passa a utilizar-se de
estratagemas que muito longe de garantir a desmistificação da diferença (que
biológica e geneticamente é ínfima) perpetua o culto à diferença em ações que
perpetuam e celebram o culto à diferença e a “guetização” da sociedade como um
todo.
Diferente do esperado em um trabalho sobre o
preconceito, não irei aqui exaltar a benesse dos negros na construção desta ou
de outra nação, nem exaltar o verdadeiro banho de sangue negro derramado pela
ignorância e pela ganância do homem branco ao longo da história, mas, sem
dúvida alguma, deixo aqui o mais profundo pesar pela existência do culto à raiz
e um dia da consciência negra, azul, rosa ou amarela, quando o que nos falta é
o culto à humanidade como um todo, dos primórdios hominídeos ao dia de hoje, a
exaltação da vida em sua totalidade e a reconstrução da consciência humana, em
que não se estabeleça o ser humano em seu nicho de acordo com sua etnia mas em
acordo à sua condição de ser em processo de evolução que veja a qualquer membro
dessa espécie a qual pertencemos como parte integrante e vital à preservação e
construção de um conjunto social complexo e justo que priorize a vida e não a
exaltação de suas nuances.
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