domingo, 24 de abril de 2016

Relicário de uma tempestade... um eu de retalhos...

Dias atrás, minha tia me fez uma pergunta...
Confesso que meus processos de reflexão diária acabam tendo interferência das coisas do dia, como é usual...
Me vendo às voltas com mensagens e conversas com pessoas diferentes, de épocas diferentes da minha vida, ela me perguntou:
"Filha, você coleciona pessoas?"
A resposta foi imediata e, neste momento, irrelevante... mas plantou uma semente filosófica de interpretação de quem sou e do que me caracteriza...
A conclusão?
Sou escritora, oras!
Coleciono histórias!
E sei que as histórias só valem ser contadas quando guardam algo digno de nota... e como fui agraciada com coisas, momentos, fatos, feitos e gentes dignas de nota!
No mesmo dia alguém disse que não responderia uma pergunta minha para não acabar se tornando um personagem da minha escrita em algum conto perdido por aí...
O fato é que, de fato, não escrevo sobre fatos,(nem aqui a liberdade poética de uso da linguagem me abandona...) nem conto histórias de pessoas que conheço ou coisas que vi... mas as histórias que coleciono se mesclam de uma forma tão livre que acabam sim criando um imaginário rico e pleno de cada um que cruzou meu caminho...
E que caminho!
Tenho guardado neste relicário que sou eu mesma, histórias de amor, de amizade, de dor e de mágoas... histórias que vivi, histórias que presenciei... mas tendo-as vivido ou simplesmente presenciado, são relatos de um mundo vasto que vai além do limiar da minha janela.
Não sou mais gaúcha.
Nem paulistana, nem candanga, nem mineira.
Sou uma mulher.
Apenas.
Uma mulher que se permitiu ao longo da vida, ganhar o mundo e dar-se ao prazer de ver seu próprio mundo e seu próprio ser agir e reagir, aceitando a dinâmica da vida, a química das relações que garantem... se duas pessoas interagiram de fato, e se deram de fato à experiência, mesmo que os caminhos divirjam, mesmo que elas se apartem, ao partir, levam uma fração da outra dentro de si e jamais serão novamente o que eram...
Amores que me moviam, continuam eternizados em mim...
Mesmo os que não acabaram assim tão harmonicamente...
Gentes existem em todos os formatos...
Mas eu as separo em duas categorias.
Gente que é mensageira, que chega na tua vida, te entrega algo e parte ao nascer do dia seguinte...
E gente que é mensagem... Que mesmo partindo acaba ficando, mesmo de longe acaba se aquerenciando em um canto especial de você.
Onde tenho andado nos últimos tempos, sou tida como a rainha do bom humor...
Mas como não sorrir diariamente se trago em mim a essência da mensagem de tanta gente boa que, podendo partir, escolheu ficar?
A verdade tem muitas caras... depende de quem a vai avaliar... mas, enquanto no meu mundo, for eu quem vai determinar o que é a verdade, ela será imutável...
E minha verdade mais absoluta e imutável é que sou afortunada por trazer em mim tantas partes diferentes de pessoas presentes ou ausentes, mas que fizeram de mim, exatamente quem sou...
à Bia, pela lição do riso...
Ao Luciano pela do perdão...
à Belmira pela da aceitação...
à Cintia pela da incondicionalidade...
à Bibi pela da crença...
à Denise pela da paciência...
à minha tia Denise pela do valor do reencontro e da familiaridade...
à Roberta pela do amor por extensão...
ao Sergio e ao Luy (e ao Ally, mesmo que já esteja em outro caminho) pela apreciação do que é essência...
à Fernanda pela aceitação do que não posso mudar...
à Marina e Andréia pela lição da ausência de necessidade do recíproco...
Ao Felipe pela lição do amor gratuito
à Clara por me fazer entender essas muitas faces de mim mesma...
Ao Ralph (meu noivo lindo!) pelo que não precisa de raiz pra ser forte e lírico...
à Carla por ser quem é, forte e terna... e doce e corajosa...
Ao Francisco e ao Rogério pela lição da escolha... e a Lola pelo mesmo motivo...
à Sarah pelo que é coragem e companheirismo...
à Nia pelo que sempre foi fraterno e puro
aos Ximendes/Gil por me manterem acreditando que pode funcionar...
À Loba pelo que sempre se fez esperança de plenitude
à Di pelo que é familiar e eterno por simples afinidade
ao Raphael, Gabriel, Tom, Anna, João, Samuel, Kelly, Ana Paula, Simone, Debora, Cynthia, Luana, Lya, Marisa, pela do laço etéreo mas arraigado do que é inerente ao nosso espírito...
Ao Fernando pela crença nas pequenas diferenças que se pode fazer...
Á Cris e Manu pelo que dá prazer por frutificar sempre...
à Nanda pelo que é reconhecimento do outro em si (e vice versa!)...
a Thiago e Sueli pelo que é contrariedade....
à Morrigan e Tathy pelo que é reconhecimento...
às duas Teresinhas pelo que é materno e doce...
ao seu Walter e seu Everton pelo que é exemplo...
à Isadora pelo que é resgate...
à Sammy pq é meu Picachu! 
à Mariana pelo que é perseverança..
à Rosangela por ser meu Zen, meu bem, mas nunca meu mal...
à Thais pq foi ela que me ensinou a ver o que há de belo em mim...
à Mercedes pelo que sempre será recíproco...
à Irene e Eliana pelo que é orgulho e admiração...
à Jana e a Jaca pela lição da eterna graça...
ao Marquinhos por mostrar que o tempo só passa no relógio..
à Rosana pq é um exemplo de força e coragem..
à Jaqueline por ser sempre motivo de sorrisão, mesmo que só por um bom dia...
Ao Deto pq é um exemplo de delicada brandura fantasiada de indignação...
à Simone pq o que vem do nada pode ser tudo...
Ao meu querido GW por ser uma as melhores flores nascida de uma das maiores M* que fiz na vida...
À Emilene pela chance, à Vitória pela aceitação e parceria...
Ao Jairo por me ensinar a apreciar a eloquência do silêncio...
Ao Dj pelo que não precisa nunca pedir perdão e principalmente pela aceitação de quem sou e do que sempre serei... Por me ensinar a amar o amor, muito mais a mim mesma que aos outros... e por amar quem sou quando estou com ele...

Uma colecionadora, um relicário de tudo o que me é grato.. o aprendizado diário de como ser e aceitar o entendimento de uma vivência de eterna tempestade....